Novas luzes sobre a história de Macapá.
O objetivo principal deste artigo seria o de acrescentar
algumas novas revelações a respeito da história da cidade de Macapá, em alguns
"posts" autorais, através do Blog Repiquete no Meio do Mundo.
Infelizmente, isto não foi possível, pois o artigo saiu
completamente desfigurado sem a apresentação dos mapas e notas que o
acompanhavam. A titular do Blog equinocial alegou excesso de trabalho, o que é
natural e compreensível nesta labuta insana de blogueiro.
Apesar da insistência de que as imagens eram cruciais ao
entendimento do texto, não tive sucesso na tentativa de suas publicações.
Em seguida, não sei as razões, mas um novo artigo para
homenagear os 260º aniversário de Macapá, que narrava as origens da cidade como
entreposto indígena e hospedaria de cômodos foi simplesmente descartado, apesar
da promessa de publicação.
Sei como os proprietários da história da cidade e do Estado
tratam esta narrativa incompleta e o ciúme doentio que lhes acomete, quando
alguém de fora da patotinha tenta acrescentar algum fato novo e inédito nestes
capítulos.
Pela sua desistência na publicação, alguma forma de pressão
explícita ou velada lhe foi imposta, se não foi auto-censura deliberada.
Então, entendendo que os amapaenses e outros interessados na
história regional da Amazônia não podem ficar privados dos novos fatos, resolvi
publicar os artigos no meu próprio Blog. Aquela audiência qualificada que
pesquisa na internet, acabará por encontrar a verdadeira narrativa dos fatos.
O novo fato a que me refiro foi a existência de um rio
chamado Macapá que sempre cortou e continua cortando o referido sítio urbano e
em cuja margem esquerda, em sua cabeceira havia uma aldeia dos nativos da etnia
Macapá - Como está nos mapas "Macapás".
Logo em seguida havia na mesma margem outras duas aldeias
da etnia Arouba, além de outras duas dos índios Meronis às margens do rio Jandiá, hoje canal.
Isto é o que mostram os mapas e narrativas dos cartógrafos e
navegantes que visitaram a foz do Rio Amazonas no início do Século 18, além de
textos de livros de história e do Lexicon de Hübner, publicado em Leipzig em
1787.
Mapa do Cartógrafo Francês Guillaume D'Isles de
1703 com
o Rio Macapá, a Aldeia dos Indios Macapás e o nome espanhol
La Vera Cruz de Macapá.
Além do Rio Macaba e dos índios Macapás, as cartas
geográficas e textos também se referem a cidade como "La Vera Cruz de
Macapá" por volta do ano de 1700, cujo nome nunca foi citado nas
narrativas históricas da cidade.
Texto em alemão gótico do Lexicon de Hübner
confirmando o nome da cidade conforme mapa
acima. Destaque para a palavra "Stadt" em alemão
que significa cidade.
Pelo posicionamento cartográfico em confronto com às
tecnologias digitais modernas, o rio em questão é mesmo o atual Igarapé das
Pedrinhas ou Canal do Beirol, como também é conhecido, com provável derivação
de suas águas em parte para o Canal da Avenida Mendonça Júnior.
Posicionamento do Rio Macapá (antigo)
em confronto com o Google Terra/Maps
confirma o Canal do Beirol como o rio que
deu nome à cidade.
Desvendadas as novas revelações, fica claro que a cidade
iniciou a sua trajetória histórica ao sul do Equador, nas proximidades da
comunidade Pedrinhas/Araxá. Com o desenvolvimento gerado pela constante
presença de navios e caravelas estrangeiros na região e a portentosa construção
da nova Fortaleza da cidade, o centro do núcleo urbano se deslocou para o meio
da localidade entre o Rio Macapá e o riacho Jandiá.
Nota 1 da página 74 do Livro "La Rivière Vicent
Pizón, "Études cartographiques sur la Guianes," onde o autor Paul
Vidal de La Blache (1845-1918) confirma a existência do Rio Macapá ou Rivière
Makaba (Makapa). Portanto, documentado em textos e inúmeros mapas como o do cartógrafo francês François Froger de 1698 que cita o Rio Macaba e os Indios Macapás antes de Guillaume Des'Isle - Abaixo.
Mapa de François Froger de 1698, onde o cartógrafo
descreve o Rio Macaba com o mesmo trajeto fluvial e a lista completa das etnias
indígenas que habitavam a região da Guiana, entre elas
a aldeia Macapá nº 15. Que se restitua o nome estupendo do Rio
Macapá que deu nome à cidade e que lhe seja dado um tratamento VIP à
altura de sua extraordinária história, como um ponto turístico tão importante quanto a Fortaleza, limpo e com uma paisagem exuberante, além do respeito
dos habitantes da cidade. Que se reverencie à memória da etnia
correspondente. Este rio está para Macapá como o Rio Tâmisa está para Londres.
Este é o apelo que faço às lideranças da cidade e do Estado.
Em um próximo capítulo, falarei da origem histórica da cidade
lá pelos idos de 1625, quando ainda era conhecida como uma hospedaria de
cômodos (Roohoeck) para abrigar comerciantes holandeses que exerciam o comércio
com os indígenas da região em várias aldeias ao longo da margem esquerda do Rio
Amazonas. A história completa sobre o intenso comércio entre flamengos e
indígenas se encontra na tese de doutorado do professor holandês Lodewikji
Huslman defendida na Universidade de Amsterdam em 2009 e mapas históricos
magníficos do cartógrafo holandês Johannes de Laet e de outros geógrafos de
igual envergadura da época.
Publicado pelo titular do Blog às 19:30 de 10 de fevereiro de 2018 com todas as reverências e respeito que a cidade e seus habitantes merecem.
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