Contribuição do Futebol Brasileiro à Organização Político-Administrativa e Territorial do País.
Na seqüência do quarto artigo sobre o calendário futebolístico nacional, descrevemos as competições previstas para o segundo semestre.
Como pode ser visto na composição do primeiro semestre do artigo anterior, não haveriam competições superpostas, mas, apenas seqüenciais e interdependentes, num calendário “light” (uma competição classificando para seguinte), entretanto, de forma, econômica e tecnicamente, eficientes.
As quatro séries nacionais não poderiam permanecer como foram idealizadas, numa imitação ridícula dos certames nacionais europeus, com apenas 20 clubes jogando entre si, em turno e returno, por pontos corridos, sem os campeões dos turnos isolados nas séries A, B e C, conforme estão previstas para 2009. Em função das restrições de datas, os clubes teriam que ser divididos em dois grupos menores de 10 clubes, cada, como eram em passado recente, adaptando-se torneios quadrangulares no final de cada turno, a exemplo do sistema carioca de certames estaduais, o mais brilhante, motivacional e, economicamente, eficiente de todos os certames estaduais brasileiros.
Desta forma, caberiam nas 30 datas aproximadas do segundo semestre, considerando jogos às quartas e domingos em semanas intercaladas (agosto, setembro, outubro e novembro). Seriam apenas nove datas para cada turno e mais 08 datas para os dois quadrangulares, totalizando 26 datas e uma folga estratégica de 04 datas cheias ou 08 bi-semanais.
A série D, para atender todo o espectro dos clubes nacionais de pequeno porte, não poderia contar com apenas 40 clubes, como proposto, mas, incluir todos os clubes possíveis das composições estaduais da Série A existentes. Para isso, bastaria considerar as atuais 27 Copas estaduais (algumas ainda não existentes), como grupos do âmbito local da referida série. Fácil, enxuta, de baixo custo, motivacional e participativa. 32 clubes (27+5) classificar-se-iam para as fases seguintes até atingir 08 clubes, como na série C atual. Uma questão de respeito mínimo às Federações e aos seus filiados que disputam os atuais certames estaduais da Série A, não incluídos nas Séries A, B e C.
Com financiamento local nas Copas Estaduais, essa seria uma forma de se manter os clubes em atividades operacionais, em respeito ao Estatuto do Torcedor, por no mínimo 10 meses, ao mesmo tempo, em que se abririam os caminhos de acesso total e irrestrito para todas as agremiações profissionais das Série “As” estaduais, classificando-se os quatro melhores para série de índice técnico superior.
Apesar de possíveis, entendemos que essas composições seriadas não representariam toda a grandeza do futebol brasileiro, com apenas 20 clubes em cada uma das três primeiras séries.
Somos um país de dimensões continentais do porte de toda a Comunidade Européia e em crescente desenvolvimento econômico e social.
As Capitais Estaduais e cidades interioranas crescem e se multiplicam num ritmo de urbanização alucinante, numa permanente metamorfose de atividades econômicas e produtivas sem fim. Quatorze novas Unidades Federativas estão previstas para serem criadas e emancipadas, ao longo e ao cabo, até meados deste século, com 14 novas Capitais, portentosas e desenvolvidas, e novas centenas de prósperas cidades interioranas, que necessitam ter participação na organização esportiva do país.
Ao contrário de impor uma camisa de força de privilégios intoleráveis para apenas quatro cidades do país, na mais espetacular forma de lazer dos trabalhadores, como o futebol, os dirigentes do setor deveriam sim, se sensibilizar para o processo histórico, territorial, político-administrativo, republicano, econômico, social e esportivo dessas centenas de municípios brasileiros que imploram pela chegada do progresso, da técnica, da qualidade de vida e das instituições republicanas básicas.
Esse desenvolvimento histórico é irreversível e os que se interpuserem no seu caminho serão varridos da representatividade política, da vida pública e jogados na lixeira da história como bem merecem.
Em vez da brutal concentração de recursos e de renda que desejam impor, transformando a maioria dos cidadãos brasileiros em excluídos de segunda classe, o futebol deveria dar o exemplo popular aos acomodados e conservadores políticos do país, criando as Ligas Intermunicipais de Futebol e instituindo os campeonatos nestes futuros Estados emergentes, numa eficiente contribuição ao processo de aperfeiçoamento político-administrativo e territorial do país, antecipando-se na criação das futuras Federações Estaduais de Futebol. Essa contribuição histórica seria o deslanchar de todas as demais Federações esportivas e da sociedade civil organizada dessas regiões abandonadas à própria sorte, que culminaria com os plebiscitos e a instalação desses novos Estados, tão almejados por vastas camadas da população brasileira.
Fica aqui a sugestão aos líderes dos movimentos emancipacionistas regionais para que mostrem as suas lealdades às populações que os elegeram, se reunindo em Associações de Municípios fortes e ativas (embrião das futuras Assembléias Legislativas dos novos Estados) e libertando os seus povos do julgo escravagista e do abandono republicano a que estão submetidas por décadas e séculos.
Assim, torna-se impreterível aumentar o número de clubes participantes nas Séries A, B e C para, 32, 48 e 64, respectivamente, não importa o que os mistificadores do covil dos vinte, pensem ou deixem de pensar. Três ou quatro cidades sozinhas, não podem desrespeitar e pisar no ordenamento jurídico nacional como bem entendem e mandar, eternamente, em 27 Estados brasileiros e muito menos em 40, como seremos nos próximos anos e décadas.
Para finalizar, em paralelo, com as finais das Séries Nacionais, teríamos os torneios finais estaduais, com os clubes em alta performance técnica, disputando entre si, os 25 campeões estaduais, entre os grandes e médios ou pequenos clubes indicados a partir das duas séries regionais das Séries A e B, regionais.
Seria um fecho monumental de um calendário nacional participativo e respeitoso com as instituições republicanas e democráticas que suportam as organizações federativas futebolísticas e esportivas e que o Brasil tenciona instituir, numa sociedade livre e soberana da imposição descabida de grupos elitistas sem quaisquer compromissos com a sociedade brasileira.
Quem não quiser se tornar um cidadão brasileiro comprometido com as instituições republicanas e democráticas do país, que peça para sair, antes que os clubes, o façam, em colaboração com os Ministérios Públicos, Estadual e Federal.
Editado por Roberto C. Limeira de Castro às 11:40
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