segunda-feira, 28 de julho de 2008

Calendário "Nacional" do Futebol Brasileiro - Por que se recusam a debater?

FUTEBOL BRASILEIRO, CALENDÁRIO NACIONAL, INTERDEPENDÊNCIA MOTIVACIONAL DAS COMPETIÇÕES, NÃO SUPERPOSIÇÃO DE COMPETIÇÕES E JOGOS, FIM DO REBAIXAMENTO, INTEGRAÇÃO EM TODOS OS NÍVEIS TERRITORIAIS, LEGITIMIDADE HIERÁRQUICA, DISTRIBUIÇÃO DE RECURSOS MAIS EQUÂNIME, ORGANIZAÇÃO, TRANSPARÊNCIA E DEMOCRACIA.


O modelo de calendário nacional que propomos no último artigo, não é, apenas, mais moderno que o atual, dentro de suas possibilidades, como pode oferecer argumentos filosóficos, científicos e técnicos para o aperfeiçoamento do nosso futebol, em todas as suas dimensões.

Esse planejamento anual das atividades futebolísticas profissionais do país contempla todas as competições, com um moderno componente motivacional, que se insere nas boas práticas da administração científica, ao implementar uma abrangente interdependência das competições, em todos os níveis de certames e patamares de qualidade do futebol.

Outrossim, preserva as associações praticantes de uma inconveniente superposição de jogos e competições, a qual, deteriora a qualidade e a excelência das competições e dos competidores, expondo-os ao desnecessário excesso de partidas, que se chocam, negativamente, contra, o sagrado direito dos consumidores do setor, o caráter competitivo dos certames em si e o próprio desenvolvimento dos clubes.

No campo do direito a boa imagem e à preservação da integridade temporal e secular das agremiações e o respeito aos seus torcedores, implanta o banimento quase definitivo da figura nefasta do rebaixamento.

Este dispositivo anacrônico e ultrapassado, herdado da era amadorística do futebol, não mais se coaduna com as dimensões empresariais alcançadas pelos modernos clubes de futebol profissional, numa era da globalização da economia.

Torna-se, inadmissível, condenar uma empresa a renunciar aos seus principais mercados consumidores, apenas, por uma breve queda no seu nível operacional em uma única temporada, cujos efeitos devastadores a sua imagem e marca se refletem de modo inapelável, a médio e longo prazo, sobre toda a sua integridade patrimonial, econômico-financeira e administrativa.

Mais grave, ainda, do que o rebaixamento compulsório, é o protecionismo engendrado por meios escusos, do ponto de vista das competições, para o resgate dos clubes âncoras, que se processa através da violação de princípios básicos da competitividade, como, o clientelismo, a falta de isonomia, a ausência da igualdade de oportunidades, os privilégios regionais e os direcionamentos a um grupo de agremiações.

Uma das séries de qualquer campeonato nacional, jamais será superior em nível, do que a Copa da Federação ou Confederação correspondente.

Por mais completa que seja, uma única série do campeonato nacional não pode comportar, jamais, um número de clubes que represente todas as dimensões e expressões formadoras de uma Nação, em toda a sua completude territorial, populacional, econômica e mercadológica.

Também, o fato de determinados clubes estarem numa série específica de um campeonato nacional é condição meramente conjuntural, e, portanto, submetida a uma dimensão temporal.

A prova, inconteste, dessa assertiva, é a existência de outras séries, as quais, em momento algum, dá ou retira a superioridade ou a inferioridade momentâneas ou absolutas, desta ou daquela competição seriada isolada, em relação ao conjunto global.

Para que todas as dimensões do setor futebolístico de um país estejam representadas num conjunto de quatro séries nacionais existentes e tenham legitimidade, a legislação esportiva vigente exige que em seus regulamentos, esse conjunto global torne operacional e, absolutamente, transparente, o sistema de acesso e descenso, estando, qualquer um dos seus clubes participantes conjunturais, sujeitos a mudarem de série ao longo dessa mesma temporalidade.

Essa representatividade temporária das diversas culturas futebolísticas regionais de um país, sofrerá severas restrições a sua legitimidade, quando uma empresa financiadora, cuja sede e comando, situa-se numa das muitas divisões territoriais do país, se arvora ao direito de dividir todos os recursos que oferece a apenas uma das séries que se apresenta como nacional, a apenas, um grupo restrito de clubes, no caso, representados por uma Associação patronal de clubes, onde apenas parte pertence à referida série.

Trata-se de um vício incurável, que extrapola a vontade política da Nação e passa a apresentar um caráter discriminatório e até, afirmaríamos, enviesado, do ponto de vista da competitividade legítima das agremiações participantes e da lisura das competições.

A excessiva interferência econômico-financeira, organizacional, administrativa, regulamentar e eleitoral dessa mesma associação patronal, que engloba, apenas, parcela ínfima das agremiações brasileiras do futebol profissional, no campeonato da Série A e nas demais séries temporárias do conjunto global do campeonato nacional, reveste-se, portanto, de um caráter fraudulento e fere o que há de mais sagrado nas competições esportivas, que é o princípio básico constitucional da igualdade de oportunidades.

Ao financiar clubes privilegiados das Séries B e C, com o dinheiro, já, ilegítimo, da Série A, ao propiciar maiores condições econômicas a determinados clubes, os organizadores de todas as Séries, as quais, são, apenas, conjunturais, como provamos, transformam todo conjunto das competições do país num campo fértil para a fraude institucionalizada.

Como queríamos demonstrar, nenhuma das quatro séries do Campeonato Brasileiro, isoladamente, tem a superioridade hierárquica que apregoa sobre uma verdadeira Copa da Confederação (ou Copa do Brasil) que venha a reunir os principais clubes de todas as regiões futebolísticas da Nação Brasileira.

Essa inversão de hierarquia, também, condena a atual Copa do Brasil, à condição de competição ilegítima, viciada e direcionada para beneficiar o mesmo e determinado grupo de clubes, com todos os seus dispositivos regulamentares que afrontam, moral e eticamente, as agremiações, os dirigentes e, principalmente, os consumidores do produto.

Entre esses dispositivos, gostaríamos de frisar, a possibilidade de eliminação de 50% dos clubes participantes em apenas um jogo e 75% em apenas, três jogos, a desproporcionalidade de força nos confrontos, a utilização política das partidas para fins de imposição de vontades e o tráfico de influência, a discriminação de representatividade contra algumas unidades federativas, e, principalmente, a inversão do nível hierárquico das competições.

Os pontos, aqui, abordados, de modo teórico-filosófico, não têm a pretensão de condenar quem quer que seja da comunidade futebolística nacional, mas, apenas, chamar à atenção para aspectos de máxima relevância para o setor e propiciar o debate democrático sobre as questões levantadas.

O objetivo fundamental desse artigo é o de provar que a Copa da Confederação (ou Copa do Brasil ou da Nação) é o patamar máximo de representação política do setor futebolístico nacional e, jamais, uma única série do Campeonato Brasileiro.

Assim sendo, a indicação dos clubes brasileiros para as Competições, Continental e Mundial, através de uma única série do Campeonato Nacional se traduz em usurpação de poder e ilegitimidade, da mesma monta da associação patronal que lhe dá respaldo.

Para além, dessa importantíssima questão, sugerimos abaixo, no âmbito do calendário proposto, os níveis hierárquicos, que entendemos como legítimos e que desafogariam o nosso futebol da maioria dos defeitos operacionais, assegurando-lhe, qualidade, excelência, transparência, competitividade, representatividade, desenvolvimento, maiores recursos e distribuição mais equânime dos mesmos, respeito aos consumidores do produto, enfim, a todos as melhorias propostas e outras que emergirem da discussão em pauta.

NIVEL 01 – COMPETIÇÕES REGIONAIS DA SÉRIE “B” – Com clubes médios e pequenos estaduais em certames em grandes regiões – Janeiro a Maio (incluindo a segunda fase final).

NÍVEL 02 – COMPETIÇÕES ESTADUAIS DA SÉRIE “A” – Com clubes grandes e médios ou pequenos classificados das fases finais das séries estaduais da Série B regional – Novembro e Dezembro.

NÍVEL 03 – COMPETIÇÕES REGIONAIS DA SÉRIE “A” – Com clubes grandes ou credenciados pela conquista dos certames estaduais de cada grande região, escolhidos através do sistema misto (Os campeões estaduais das unidades federativas de cada região e mais, os melhores clubes de cada Estado na Classificação Nacional) – Janeiro a Maio com indicações dos participantes para a Copa da Confederação (ou Copa do Brasil) e para as diversas séries do Campeonato Brasileiro.

NÍVEL 04 – COMPETIÇÕES NACIONAIS SERIADAS COM O INTERCÂMBIO TEMPORÁRIO DE CLUBES ENTRE AS SÉRIES, ADVINDOS DE TRÊS NÍVEIS (MELHORES CLUBES DA CLASSIFICAÇÃO NACIONAL, MAIS, UM OU MAIS CLUBES DE CADA CERTAME REGIONAL E OUTROS DA SÉRIE ABAIXO, IMEDIATAMENTE, SERIADA. Composição global das Séries A, B, C e D – Nacionais – Julho a Dezembro, incluindo as fases finais.

NÍVEL 05 – COPA DA CONFEDERAÇÃO (OU COPA DO BRASIL) – Segunda fase final com clubes advindos das 08 competições regionais propostas, na proporcionalidade territorial, demográfica, econômica e mercadológica de cada grande região e 08 (oito) clubes entre os melhores classificados do Campeonato Brasileiro da Série A. Pelo menos, um clube de cada região, com o objetivo de integração nacional e continental de todos os grandes conjuntos étnico-regionais do Brasil.

NÍVEL 06 – COPA CONTINENTAL (OU COPA SANTANDER-LIBERTADORES) – Com clubes advindos das duas Confederações, na proporcionalidade territorial, demográfica, econômica e mercadológica – Mais ou menos, 50% para cada Confederação e integração continental de todas as regiões do continente e não apenas dos países, mas, também, das populações brasileiras atualmente discriminadas – Logo após as duas Copas das Confederações sul-americanas (CBF e Conmebol).

NÍVEL 07 – COPA MUNDIAL, INTERCLUBES – Com clubes advindos de todos os Continentes a critério da FIFA. Sugere-se 16 clubes com 03 representantes de cada grande conjunto continental do mundo – 03 da América do Sul, 03 da América do Norte e Central, 03 da África e Mundo Árabe, 03 da Ásia e Oceania e 04 do Grande Continente Europeu.

Como se pode ver, nos tópicos, interdependência motivacional, não superposição de jogos e competições, banimento do rebaixamento, maiores recursos e uma melhor distribuição, integração regional, nacional e continental, legitimidade hierárquica entre os diversos níveis, etc. o calendário em pauta suplanta em tudo o planejamento anual vigente.

O nível 01 classifica para os níveis 02 e 03. O nível 02 classifica para o nível 03. O nível 03 classifica para os níveis 04 e 05. O nível 04 classifica para o nível 05. O nível 05 classifica para o nível 06. O nível 06 classifica para o nível 07. As diversas séries do Campeonato Brasileiro se intercambiam entre si, sem que haja rebaixamento compulsório e com uma excelente mobilidade.Todos os clubes brasileiros de futebol profissional têm o direito a participar dos circuitos futebolísticos estaduais, regionais, nacional, continental e mundial, dependendo, apenas de suas competências e desenvolvimento.
Ontem, 27/07/2008, ao término da primeira fase da Série C do Campeonato Basileiro, que durou cerca de 20 dias, 31 clubes brasileiros foram, sumariamente, rebaixados para a Série D ou para vácuo do nada, já que serão chamados, apenas, os campeões estaduais da maioria dos Estados em 2009 para essa nova competição, que contará com exíguos 40 clubes. Mais doze agremiações serão rebaixadas nos próximos quarenta dias. No total, serão rebaixados, numa única competição, 43 clubes, que não sabem para que série irão nos próximos anos. Isso existe em algum lugar do mundo?
O que falar, então, das demais centenas de clubes estaduais, inclusive de médio porte, que foram rebaixados não se sabe para que divisão em 2009 e para os anos seguintes? Existe esse tipo de imposição autoritária em alguma Federação ou Confederação do mundo? O Brasil cresce e se desenvolve, o PIB e a renda do país crescem, o emprego e a renda crescem, por que, apenas o futebol brasileiro permanece na idade da pedra lascada com os seus privilégios para um grupo ínfimo de clubes? Quem se responsabiliza pelos danos causados ao futebol regional de 18 Estados deste modelo excludente social e esportivo e pela bancarrota e extinção dessas centenas de clubes?
São perguntas que não querem calar, mas, que exigem respostas da comunidade tartamuda do futebol nacional e da imprensa esportiva de conveniência, aos milhões de torcedores brasileiros.
Editado por Roberto C. Limeira de Castro às 15:40
Foram feitas pequenas correções necessárias às 00:03

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