Os Estados do Rio de Janeiro e São Paulo disparam à frente dos demais 24 Estados e do Distrito Federal há décadas em termos de futebol profissional. Hoje, mais do que nunca.
Para iniciar o nosso trabalho e provar de modo inconteste a nossa tese econômica, tanto aplicada ao futebol quanto aos demais setores econômicos, pinçaremos apenas as economias de escala dos dois Estados líderes.
De cara, sem maiores dificuldades podemos provar a importância da produção capitalista simbolizada pelo PIB – Produto Interno Bruto de cada unidade federativa sobre o poder de fogo dos demais parceiros federativos e do super poder de fogo dos dois Estados em conjunto, em termos de futebol.
Se compararmos as populações e os PIBs dos dois poderosos Estados veremos que em número de habitantes e em cifras econômicas dos seus produtos, os mesmos estão situados em torno de 34%, do Rio em relação a São Paulo, tendo este último como base percentual do estudo comparativo.
Com base nos números disponíveis de 2005, esses números são os seguintes:
São Paulo PIB: R$ 727,4 bilhões - População: 40.442.017 habitantes - Base inicial de 100% - Valor televisivo teórico:R$ 70 milhões.
Rio de Janeiro PIB: R$ 247,13 bilhões - População: 15.383.407 habitantes - 34% de São Paulo - Valor televisivo teórico: R$ 28 milhoes.
Simplesmente, porque os fatores econômicos, terra, trabalho e capital, vis a vis ao mesmo estágio tecnológico, em combinação, resultam em suas respectivas produções e mercados.
Em termos mais simples, a combinação das boas terras produtivas do setor terciário – agricultura e pecuária – e a sua resultante agro-industrial, somados aos demais setores industriais e de serviços, utilizando as suas respectivas populações economicamente ativas, em proporcionalidade e suportados pelo capital dos seus agentes econômicos (dinheiro, equipamentos, estoques de insumos, tecnologia e poupança) resultam nos seus PIBs correspondentes. Esse entendimento é comezinho.
Se extrapolarmos esses resultados econômicos da combinação de fatores que determinam a potencialidade de cada mercado isolado para o setor do futebol, o qual, combina fatores semelhantes na sua produção e nos mercados, teremos valores semelhantes que respondem na mesma proporcionalidade relativa aos financiamentos televisivos.
Enquanto o Campeonato Paulista recebe R$ 70 milhões, o Certame Carioca recebe R$ 28, numa proporcionalidade científica compatível com os dois Produtos e Mercados.
O resultado aproximado se deve aos diferenciais específicos relativos à qualidade da mão de obra, da infra-estrutura, das terras produtivas e de outros fatores intrínsecos que impossibilitam a exatidão das proporcionalidades.
São Paulo tem igualmente quatro grandes clubes, altamente capitalizados, tanto quanto o Rio de Janeiro, mas, o Estado bandeirante dispara no seu estrato médio, o que é visível no certame da Série B, no qual, participa com 07 equipes em 2008 contra zero do Rio de Janeiro, sem falar no estágio superior de capitalização dos clubes paulistas.
A falsa igualdade artificial propalada pelos cariocas na sua disputa bairrista com o Estado visinho situa-se apenas no campo do forçamento de barra psicológico e na auto-afirmação política dos cariocas, pois, a superioridade dos paulistas é evidente.
Outros fatores que aproximam o futebol dos dois Estados é a maior popularidade dos clubes cariocas irradiada para as cidades vizinhas dos Estados contíguos de Minas Gerais e Espírito Santo, assim como, para o resto do Brasil, com o Flamengo disparando na frente do Corinthians e o São Paulo, em função da influência cultural exercida pelo Rio de Janeiro por décadas como Capital Federal. A tendência absoluta é a superioridade crescente dos clubes paulistas em todos os sentidos.
Essa tendência, evidentemente, econômica, em função do isolamento do Rio de Janeiro, é o futebol paulista disparar em suas conquistas e no domínio de todas as Séries do futebol brasileiro, na Copa Santander - Libertadores da América e no mundial de clubes, onde o seu clube mais capitalizado, o São Paulo F.C. já dispara na dianteira e ameaça o Flamengo em termos de conquista de milhões de fãs e adeptos nos quatro cantos do Brasil.
Em resumo, no futebol profissional de alto rendimento, o poder de fogo capitalista é fator crucial e decisivo.
O mesmo ocorre com relação ao futebol do Estado de Minas Gerais, cuja capitalização é ainda inferior a do Rio de Janeiro com PIB de R$ 192 bilhões em 2005.
Não entendemos onde estão os ditos dirigentes espertos do Rio, Minas e Espírito Santo que não se unem num campeonato do leste para se contrapor ao poderio e domínio, evidente, do futebol paulista, em pé de igualdade ou superior. Um campeonato do Leste a preços de hoje valeria em termos de mercado televisivo, cerca de R$ 60 milhões.
Se extrapolarmos as equações econômico-financeiras dos fatores capitalistas para os demais Estados brasileiros fica claro e cristalino que os mesmos serão eternos coadjuvantes no nosso futebol, com uma pontada aqui ou acolá, do futebol, um pouquinho mais capitalizado, dos gaúchos e mineiros, que ainda têm um certo destaque na cola política dos dois Estados maiorais.
Assim, os clubes das demais 22 unidades federativas e do Distrito Federal estão condenados a serem meros e eternos espectadores do sucesso e das vitórias peremptórias dos paulistas, seguidas secundariamente pelos cariocas.
O pior dessa situação de hegemonia histórica resultante da acomodação dos dirigentes dos demais Estados em desvantagem é o prejuízo que o futebol brasileiro sofre em seu todo, que vê a sua competitividade global reduzida ao domínio absoluto de dois Estados e aos espasmos cada vez menores e mais raros de outros dois.
Aliando-se a esses fatores econômicos, a ingenuidade dos seus dirigentes diante da esperteza dos argentinos e sul-americanos, além do avanço vertiginoso dos europeus que comandam de modo sub-reptício alguns dos principais certames nacionais e continentais, que dimensionam para menor o nosso futebol à imagem e semelhança do futebol das mini-Repúblicas nacionais européias e sul-americanas, o resultado não podia ser outro.
O crescente e descomunal poder capitalista europeu que também resulta da combinação dos seus fatores econômicos e de uma ciência e tecnologia ainda mais diferenciada para melhor, continuará comprando os nossos melhores atletas e jogadores, não apenas no futebol, mas, nos demais esportes coletivos, nos relegando a uma sombra caricata do que poderíamos ser e a meros fornecedores de mão obra especializada vil e barata.
Percebam claramente, que esse fenômeno se aguçou assustadoramente a partir do momento que os europeus se uniram numa comunidade econômica capitalista portentosa para fazer frente em termos de economia de escala e competitividade aos seus concorrentes americanos e asiáticos. O poderio econômico europeu se irradiou, destarte, a todo o mercado daquela comunidade econômica e ao correspondente mercado, com benefícios evidentes no setor futebolístico.
Agora, imaginem o que poderão fazer, em termos futebolísticos, as unidades federativas brasileiras com PIBs entre 6% ou 20% do PIB paulista como Pernambuco, Ceará, Bahia, Pará, Amazonas, Goiás e Distrito Federal, apenas para falar nos Estados de porte médio.
Nada! Absolutamente Nada!
Jamais passarão de mero participantes em certames liderados por paulistas e cariocas que se aliam aos gaúchos e mineiros para passar o rolo compressor sobre os nossos cadáveres, mesmo que tenham que arrebentar, também, com o conjunto do futebol brasileiro.
Vocês acham que existem saídas?
Isso é de uma clareza cristalina. A união dos certames estaduais em eficientes campeonatos regionais que reúnam mercados e poder de fogo da combinação de fatores econômicos e PIBs numa escala econômica em distâncias que não afetem negativamente a união.
Portanto, a organização dos certames em escala econômica competitiva, do Sul, Leste, Nordeste, Meio Norte, Amazônia Ocidental e Centro-Oeste, num conjunto de certames bem próximo do modelo da NBA – Associação de Basquetebol Norte-americana adaptada ao futebol brasileiro, é a condição “Sine qua non” para o equilíbrio, a capitalização, a competitividade e a eficiência do futebol, regional e brasileiro, de modo que possamos queimar etapas em busca do desenvolvimento do nosso esporte maior e poder concorrer em pé de igualdade com os europeus.
Se continuarmos subservientes às injunções e imposições descabidas dos paulistas e cariocas no âmbito interno como caudatários das mistificações dos dirigentes europeus e sul-americanos da FIFA e Conmebol, jamais passaremos de fornecedores de mão de obra vil e vítimas do colonialismo interno que subjuga os irmãos em Pátria e avilta o futebol nacional em relação às outras potências estrangeiras.
A solução está ao alcance e depende apenas da emergência de líderes regionais comprometidos com a cidadania de seus torcedores e com o futuro de seus clubes.
Enquanto, os nossos dirigentes federativos, em sua maioria, estiverem trocando o futuro do nosso futebol por gorjetas recebidas de paulistas e cariocas, não passaremos de bucha de canhão da iniqüidade.
Alguém sabe por que estamos proibidos de organizarmos os nossos certames regionais?
Elementar, meu Caro Watson!
Em menos de dez anos deixaríamos de ser chutados como cachorros mortos e meros espectadores das vitórias e do sucesso dos que se querem como únicos cidadãos de primeira classe do Brasil.
União e Escala Econômica ou Morte!
Valores atuais reais de mercado do futebol de cada região Brasileira e aproximados das cotas televisivas. (Dados do PIB de 2005 do IBGE)
Região Sul - PIB – R$ 356,2 bilhões – População: 26.973.571 habitantes. Valor aproximado de contrato televisivo: R$ 41 milhões (Era R$ 25 milhões em 2002)
São Paulo – PIB – R$ 727,0 bilhões – População: 40.442.017 habitantes. Valor aproximado de contrato televisivo: R$ 70 milhões (Rio-S.Paulo era R$ 65 milhões em 2002.)
Rio de Janeiro – PIB – R$ 246,9 bilhões – População: 15.383.407 habitantes. Valor aproximado de contrato televisivo: R$ 30 milhões (acrescentando-se mercado capixaba e do sul de Minas)
Minas Gerais - PIB: 199,6 bilhões - População: 19.237.450 habitantes. Valor aproximado de contrato televisivo: R$ 26 milhões, podendo chegar a R$ 30 milhões com mercado capixaba.
Nordeste – PIB R$ 244,05 bilhões (dados de 2005) – População: 41.818.879 habitantes. Valor aproximado de contrato televisivo: R$ 45 milhões (Era R$ 18 milhões em 2002)
Meio Norte – PIB R$ 79,9 bilhões – População: 16.765.385 habitantes. Valor aproximado de contrato televisivo: R$ 18 milhões (Era R$ 2 milhões em 2002)
Amazônia Ocidental – PIB R$ 53,9 bilhões – população: 5.837.977 habitantes. Valor aproximado de contrato televisivo: R$ 7,5 milhões (Recebia metade de R$ 2 milhões em 2002, na antiga Copa Norte.)
Centro-Oeste - PIB: R$ 199,24 bilhões - população: 14.326.495 habitantes. Valor aproximado do contrato televisivo: R$ 20 milhões. Recebia R$ 2 milhões em 2002 na antiga Copa do Centro-Oeste.
Valor aproximado total das cotas televisivas para os 08 certames regionais: R$ 250 milhões.
Valor estimativo para uma fase brasileira denominada de Copa Toyota - CBF com 32 clubes, sendo 16 advindos dos 08 certames regionais e os 16 primeiros colocados da série A do certames brasileiro: R$ 150 milhões.
Esta fase final seria a equivalente brasileira da Liga dos Campeões da Europa. Conjunto de certames fadado a alcançar financiamento superior a R$ 1 bilhão em poucos anos, pois, tem características bem parecidas com uma mistura da NBA League e da Liga dos Campeões da Europa, com grande aceitação internacional.
Total do Conjunto de Campeonatos jogados entre janeiro e junho: R$ 400 milhões.
Valor percentual da CBF: 10% - R$ 40 milhões.
Valor destinado às Federações Estaduais: R$ 36 milhões.
Valores distribuídos aos clubes: R$ 324 milhões, na proporcionalidade da soma de pontos de cada Estado na classificação nacional (ranking).
A nossa proposta é que esses 08 certames regionais sejam realizados nas datas disponíveis pelo Calendário Nacional aos certames estaduais - Série A aos domingos e Série B às quartas - que não seriam extintos, mas, racionalizados.
Nesse caso, os grandes clubes de cada Estado participariam do Campeonato Regional da Série A e os médios e pequenos de cada Estado participariam de 07 grupos estaduais da Série B no caso do Campeonato Regional do Nordeste. O sistema seria o mesmo para as demais regiões.
Após a disputa de cada grupo da Série B, realizada no âmbito interno de cada Estado e amparado pelas tradicionais formas de financiamento dos Governos Estaduais, os campeões dos respectivos grupos, disputariam um heptagonal final com os campeões dos 07 Estados, dando grande visibilidade regional aos clubes médios e pequenos de cada Estado.
O Campeão da Série B do Nordeste teria a sua vaga assegurada na Série A do próximo ano.
Após o término em maio das duas séries, com a Série A jogada aos domingos e a B as quartas, os dois, três ou quatro grandes clubes de cada Estado disputariam em junho um quadrangular ou hexagonal com o Campeão da Série B e/ou o Vice-Campeão para se conhecer os respectivos campeões estaduais da temporada.
Dessa forma, os clubes nordestinos receberiam essa bolada da televisão de um magnífico campeonato do nordeste, os médios e pequenos se destacariam na série B e no heptagonal final de nível regional e ainda recebendo as verbas destinadas pelos governos estaduais aos atuais certames estaduais. Ainda, os melhores participariam de um torneio final dos estaduais altamente rentáveis para se conhecer os campeões estaduais e manter a tradição desses certames. As demais séries dos certames estaduais continuariam como atualmente, e em caso de desejo dos dirigentes poderiam se transformar numa Série C bem interessante do Campeonato Regional do Nordeste.
O mesmo é válido para as demais regiões do Sul, Amazônia Ocidental, Meio Norte e Centro-Oeste que também teriam os seus clubes capitalizados e a caminho do progresso.
Ao unir o potencial de mercado e a economia de escala dos 07 Estados Nordestinos, que juntos somam R$ 244,0 bilhões (números de 2005) e quase igual ao Rio de Janeiro e superior a Minas Gerais, os grandes clubes poderiam se capitalizar para as disputas dos certames brasileiros das séries A e B na seqüência do primeiro semestre.
Como já foi fundado o Fórum Permanente do Futebol do Nordeste em julho de 2007, porque não enviar essa proposta em conjunto com o pessoal federativo das demais regiões para análise e aprovação da CBF.
Se nada reivindicamos, nada receberemos.
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