quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Uma história que o povo brasileiro precisa conhecer

O CLUBE QUE NUNCA FOI DOS TREZE.

As eleições de 1986 para a Presidência da CBF narrada pelo articulista Sérgio Baklanos, em reportagem publicada pelo jornal A Gazeta Esportiva de 30 de novembro de 1995, quando o jornalista paulista conta todos os principais lances e pormenores do assalto ao poder do futebol brasileiro pelo Clube dos Treze e a busca desesperada pelo domínio das verbas de US$ 18 milhões do primeiro contrato com uma Rede Nacional de Televisão suportado pela empresa Coca-Cola para os primeiros cinco anos de ditadura do grupo.

De 1987 a 2007 os valores foram incrementados e alcançam na atualidade mais R$ 300 milhões anuais, apenas para o certame brasileiro da Série A, o qual, em 2002, invadiu o primeiro semestre, período reservado às manifestações culturais do futebol das demais regiões do país e extinguiu as Ligas Regionais e os seus respectivos certames, além de suspender a eficácia do Calendário Quadrienal do Futebol Brasileiro, aprovado e assinado dois anos antes com a chancela do Ministério dos Esportes do Brasil. Se forem somadas a verbas da Copa Toyota Libertadores, da Copa Sul-Americana, da Copa do Brasil e das duas loterias federais (Esportiva e Timemania), o grupo se apropria de cerca de R$ 1 bilhão, exclusivamente, divididos entre os 13 clubes fundadores e os sete penetras de suporte estratégico.

Enquanto, os donos absolutos do futebol brasileiro se refestelam no banquete milionário absoluto, o futebol dos 27 Estados do país se afunda e agoniza na bancarrota e no ostracismo.


Neste episódio o leitor poderá avaliar como e por que a Associação de Classe congregando esses 13 clubes de apenas quatro áreas metropolitanas dos respectivos Estados assumiu o comando do futebol brasileiro e nunca mais deixou.

Leia você mesmo, a história do assalto contada pelo jornalista Sérgio Baklanos:

“Mesmo no ano da graça de 87, quando os clubes assumiram o comando da organização do campeonato, as injunções políticas aumentaram a série nobre do campeonato para 16 concorrentes. Assim, prevaleceu a pesquisa nacional feita pela TV Globo que elegeu os membros do “Clube dos Treze” como os de maior poder de arregimentação das massas.

Apesar de tudo, oito anos depois, foram acrescentados mais seis times (Hoje são 7), número insignificante se comparado com os tempos em que o campeonato do almirante Heleno Nunes era chamado de Arca de Noé e seguia sempre em progressão geométrica. Mas, em 87 as condições favoreciam o motim dos grandes, uma decorrência natural das eleições de 86 na CBF, que chegaram a lembrar os tempos da Lei Seca de Chicago.

O grupo paulista que apoiava Nabi Abi Chedid (lembram-se, a maior autoridade do futebol paulista que participava das reuniões na editoria da Revista Placar), alugou dois ônibus para transportar os eleitores até o Rio, onde se instalava a base de operações comandadas por “walkie talkies”. O grifo é do autor e as aspas são nossas. Os presidentes de federação foram trancados nos apartamentos dos hotéis e, pelo número de seqüestrados, os cariocas que apoiavam Medrado Dias ganhariam por dois votos.

A logística paulista passou a operar em função de desfazer a diferença e provocar o empate. Por isso, foi montada uma operação de resgate para retirar Antônio Aquino, vulgo Toniquinho do Acre, do hotel dos inimigos, que fez o pessoal da Swat parecer amador. Um cheque de 400 mil cruzados, emitido por alguém do grupo paulista (que jamais teria fundos) foi entregue ao Presidente da Federação Acreana, verba que, segundo ele, seria empregada na reforma da sede da entidade em Rio Branco. Métodos semelhantes de persuasão, certamente, garantiram o voto em branco de Belmiro Costa, eleitor amazonense estabelecendo em conseqüência disso o placar de 13 a 12 para os visitantes.

Dessa maneira foi dispensado o desempate por idade, que provocou a inversão da chapa com Otávio Pinto Guimarães na cabeça e Nabi como vice. Mas, esse excesso de zelo, acabaria custando caro ao grupo, pois Otávio fez questão de exercer o poder. O que levou o grupo paulista a aceitar essa imposição era a curta expectativa de vida do ex-presidente da Federação Carioca devido a um câncer no estômago.

Apesar de ser um dos cinco contratos que Roberto Marinho, proprietário das Organizações Globo costuma assinar diante de terceiros, o futebol era vendido por um prato de lentilhas. Como a Globo revendeu a quota para a Coca-Cola, o acordo garantia US$ 18 milhões por cinco anos, começando pelos US$ 3 milhões de 87.”

De lá para cá, todos conhecem o desenrolar dos vinte anos de resultados do grupo de clubes e dos seus agregados que lograram a destruição de um século de história do nosso glorioso futebol, do Oiapoque ao Chuí, do Acre à Ponta dos Seixas.
Temos, ainda a esperança, de que algum dia por vir, os dorminhocos dos 27 Estados prejudicados se unam aos interessados de mais 5.000 municípios alijados do futebol brasileiro e retomem a legalidade do futebol de uma verdadeira República Democrática Representativa, que ainda é o nosso Brasil.
Postado por Roberto C. Limeira de Castro às 16:00

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