domingo, 2 de setembro de 2007

No Ar: Um Novo Ciclo da Borracha na Amazônia

POR QUE OS AMBIENTALISTA DE COBERTURA DESEJAM ENGESSAR A “AMAZÔNIA PARA SEMPRE” ?

Por: Roberto C. Limeira de Castro*

RESUMO

Neste trabalho, contaremos a história de como nasce uma idéia fadada a resolver uma catástrofe ambiental anunciada, de como a mesma pode ressurgir em vários cantos do mundo através do espírito do nosso tempo e se transformar, apesar dos transtornos e dificuldades enfrentadas. No contra ponto, propomos a extrapolação da mesma idéia para reflorestarmos enormes áreas da floresta amazônica, dando início a um novo Ciclo Econômico da Borracha na região e descobrirmos as verdadeiras intenções dos pseudo-ambientalistas. Então, se eles desejam, realmente, o bem estar dos povos da floresta ou apenas querem mantê-los, ideologicamente, isolados, primitivos e impotentes na sua pobreza educacional e econômica.


PRÓLOGO – COMO SURGEM AS IDÉIAS

Dizem os teóricos da criatividade que, enquanto dormimos, as ramificações neuronais, que codificam a nossa memória através das sínteses protéicas, interagem entre si e utilizando as regras dos idiomas que dominamos, efetuam todas as combinações associativas possíveis e disponíveis, com o suporte da imaginação, para gerar novos paradigmas, teorias, invenções, objetos, sínteses, sincretismos, tecnologias e elucubrações.

O segredo do aproveitamento desse método heurístico, como se denomina esse processo criativo, está em acreditarmos nos nossos conhecimentos adquiridos, além de possuirmos rapidez mental, interesse e boa vontade para capturar as imagens e frases geradas, a velocidade da luz, não importa a hora ou o dia que venha a ocorrer, quase sempre em momentos de transição onírica ou de vigília.

No caso da idéia a que nos referimos, a nossa suposição é que e a mesma surgiu pelo fato de, no final dos anos sessenta, termos exercido um cargo técnico denominado de Calculista de Matérias Primas na empresa fabricante de pneus, Good-Year do Brasil, no bairro do Belenzinho em São Paulo, Capital. Ali, aprendemos um pouco dos segredos da fabricação de pneus.

Naquela função, nossa responsabilidade era a de calcular o “break-down” de produtos fabricados pela a empresa nas mais diversas matérias primas, em planilhas de acesso restrito e fornecê-las ao departamento de processamento de dados para que o mesmo providenciasse a emissão dos pedidos de compras, “vis-a-vis” com os estoques otimizados em termos de capitalização eficiente. Tínhamos, na época, apenas 23 anos.

Acreditamos que, em função do conhecimento adquirido nesse período, veio-nos à mente uma inusitada idéia.

AS CAUSAS DA IDÉIA

Ao longo de muitos anos, após termos adquiridos vários veículos automotores, sempre que íamos efetuar o conserto de um pneu danificado em qualquer borracheiro, nos deparávamos com montanhas de pneus velhos descartados.

A frota de veículos explodira no Brasil nessas duas décadas e as populações urbanas sofriam com esse lixo automobilístico, com as ruas e rodovias esburacadas e com a grande contribuição dada por esse rejeito para as contumazes epidemias de dengue.

Acreditamos que a conjunção desses problemas que afetavam a população brasileira de um modo geral e também nos afligia, além dos conhecimentos já adquiridos sobre os pneus, trouxe a idéia à baila. Fomos dos primeiros a contrair a sinistra virose e a idéia que nos martelava a cabeça sem cessar nos impulsionou a colocá-la em prática.


Milhões de pneus descartados nos Estados Unidos da América em 1995. Se não cuidarmos ou desenvolvermos novas tecnologias, este será o Brasil e Amazônia de amanhã. A ONU já disse em recente relatório de 2007: Serão Nove bilhões de habitantes no planeta em 2050.

Fonte: Arts 2001 em Sandra Oda (UEM Maringá-PR) e José Leomar Fernandes Jr. (EESC/USP de São Carlos-SP). Borracha de pneus como modificador de cimentos asfálticos para uso em obras de pavimentação. Acta Scienciarum, V.23, nº 6, 1589-1599 – Maringá – PR (2001). Veja no link abaixo:
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Borracha de pneus como modificador de cimentos asfálticos para uso ...
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Também havíamos trabalhado por cerca de seis anos num laboratório de pesquisas farmacêuticas da Universidade Federal da Paraíba, onde a química de produtos naturais como o látex das euforbiáceas havia sido extensivamente pesquisado como possíveis produtores de hidrocarbonetos e de princípios farmacológicos.

A idéia era simples – reduzirmos a pó de borracha, esses milhões de pneus velhos descartados que degradavam o meio ambiente e a saúde da população, através de poderosas máquinas de triturar e transformar essa matéria prima desperdiçada como enchimento aglutinante de asfalto rodoviário, com uma redução de custos significativa para os três entes federativos responsáveis pela construção e manutenção do asfaltamento das ruas, avenidas urbanas e estradas municipais, estaduais e federais.

A PESQUISA TEÓRICA

Passamos a ler tudo que nos passavam às vistas sobre a tecnologia da borracha e do asfalto e aos poucos fomos descobrindo que a desprezada matéria prima poderia ser utilizada ainda para a fabricação, a custos reduzidos, de tijolos, lajes para calçadas e paredes térmico-acústicas pré-fabricadas e até colunas e vigas leves, flexíveis e anti-sísmicas de casas e edifícios. Fazíamos cálculos e mais cálculos e cada vez mais nos entusiasmávamos com os resultados teóricos. Pelas nossas contas, o descarte de pneus da gigantesca frota automobilística brasileira daria para cobrir a manutenção das estradas e ruas urbanas já asfaltadas e para o asfaltamento das novas ruas, avenidas urbanas e estradas do país.

Haveria postos de coletas de pneus usados e usinas ou mini-usinas de produção de asfalto de borracha em todos os municípios brasileiros enquanto diminuiria a pressão pela demanda de argila para tijolos e telhas nas degradadas áreas produtoras de barro e massapé, podendo em futuro próximo, as pesquisas em ciência e tecnologia das cerâmicas chegarem a asfaltos e produtos da construção civil com a indestrutibilidade dos compostos orgânicos, altamente carbônicos dos pneus combinados com o silício das areias e outros metais inorgânicos, produzindo produtos baratos de alta dureza e durabilidade a altas temperaturas como o “carborundum”revestido ou até mesmo, um futurístico e duradouro ferro-carbono rodoviário.

Tudo eram apenas especulações teóricas e somente as pesquisa científicas e tecnológicas e a prática da fabricação poderiam confirmar aquelas nossas hipóteses. Entretanto, as nossas condições econômicas de operacionalizar as idéias eram muito precárias.

SAINDO DA TEORIA PARA PRÁTICA

Durante anos, conversávamos com os amigos mais próximos sobre as idéias e os mesmos podem perfeitamente testemunhar esses fatos, mas, nunca encontrávamos um “modus operandi” de implementá-las na prática.

Por volta de 1995, visitando a biblioteca especializada em química do Laboratório de Tecnologia Farmacêutica, onde havíamos trabalhado por cerca de seis anos, época de nossa formação em Ciências Econômicas na própria Universidade Federal da Paraíba, tomamos conhecimento através da Revista “Chemistry and Technology News” publicada pela Sociedade Americana de Química (American Chemical Society), de que os americanos já haviam descoberto o grande filão da utilização da borracha dos pneus descartados para a produção de asfalto rodoviário e mesmo, ainda céticos da eficiência econômica do método, estavam investindo alguns milhões de dólares em pesquisas no setor. Aquela parecia ser a confirmação das nossas idéias teóricas e a senha de que estávamos no caminho certo.

Com o apoio do único companheiro que acreditava nas nossas idéias, o Professor Nabal Gomes Barreto, professor de arquitetura do Centro de Formação e Ensino Tecnológico – CEFET-PB, descobrimos no pátio de uma empresa reformadora de pneus no contorno rodoviário da BR-230 em João Pessoa - PB, uma montanha de borracha de pneus em fragmentos minúsculos, quase em pó, resultante do esmerilamento das carcaças de pneus na preparação para a aplicação da camada de recauchutagem.

Pedimos, então, ao proprietário da empresa para levarmos uma caixa de rejeitos, os quais, eram vendidos por esta, a preços insignificantes a empresas produtoras de borracha reciclada. Com o apoio do Professor Nabal, explicamos a idéia em linhas gerais ao diretor geral do estabelecimento de ensino sobre a nossa idéia de utilizar o laboratório, muito bem equipado em tecnologia de asfaltos da escola. Ele nos deu a sua imediata anuência.

O professor se responsabilizou pela boa utilização do laboratório utilizado para as aulas práticas da disciplina técnica em asfaltamento do Curso Técnico de Estradas.Com anuência do coordenador do programa de pesquisas sanitárias e de meio ambiente da escola, começamos os nossos testes especializados com a nova e inusitada matéria prima. Não fomos muito longes e esbarramos na descrença e na enciumada dos demais professores do departamento, que bombardearam a idéia nos bastidores e dos técnicos que curiosos por descobrir o que estávamos fazendo, alegavam que para a continuidade das pesquisas seria necessário que emitíssemos relatórios periódicos das atividades, que queríamos sigilosas. Diante da nossa recusa fora criado um clima de hostilidades propositais para detonar o processo de pesquisa.

Aliás, uma técnica de boicote bem brasileira de não fazer, nem deixar ninguém fazer.

A TRANSFERÊNCIA PARA A AMAZÔNIA

Deixamos a idéia temporariamente de lado e quando da nossa transferência para a região amazônica, tomamos conhecimento das dificuldades econômicas e estruturais por que passavam os seringueiros e seringalistas regionais.

Daí, para a ampliação da idéia num outro nicho da pesquisa foi um passo.

Tanto havíamos lido sobre a química e a tecnologia da borracha que tivemos que enveredar pela hévea-química.


Detalhes botânicos da Hevea brasiliensis e Coleta do látex da seringueira.
Fonte: Wikipedia


NÃO PUBLICOU, PERDEU A PRIMAZIA

Voltando as idéias heurísticas, também sabíamos que as mesmas nunca ocorrem em um único cérebro, mas, são geradas onde existirem mentes preparadas e sintonizadas no assunto para capturá-las, naquilo que o filósofo alemão Georg Wilhelm Fiedrich Hegel chamou de apreensão do Espírito Universal. Evidentemente, a primazia da idéia é de quem primeiro publicar ou patentear a invenção.

E não deu outra. As notícias sobre a utilização rentável do asfalto de pneus reciclados pipocavam a cada semana, após o início do século XXI, em vários Estados brasileiros e no exterior, enquanto, para a nossa alegria, as imagens de televisão mostravam o que já sabíamos em detalhes.

O pó da borracha reciclada tornara-se uma excelente matéria prima para o asfaltamento econômico de estradas e para a fabricação de todos os demais subprodutos da construção civil que havíamos imaginado. Detalhes pormenorizados e com depoimentos técnicos sobre a pavimentação de estradas com asfalto de pneus descartados no Paraná, somente a partir de 2002, vejam neste vídeo da Globo.com no link abaixo:
http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM629138-7823-ASFALTO+ECOLOGICO,00.html


Estrada em pavimentação com asfalto de pneus reciclados no Paraná.

Fonte: Frame congelado do vídeo do link acima que os interessados no assunto não podem deixar de ver.

VANGUARDA É VANGUARDA

Mas, vanguarda é vanguarda e ninguém havia sugerido ainda a utilização do látex “in natura” da seringueira, colhido diretamente da árvore para a produção dos mesmos produtos da borracha reciclada, que denominamos de Bioasfalto e Biocerâmica, dois termos ainda virgens no dicionário brasileiro e por isso, grifados em vermelho como estranhos.

Em 2005 ao acionarmos uma pesquisa pelo portal da Google, descobrimos que havia um sítio na internet da Br Distribuidora da Petrobrás – que poderá acessado pelo link a seguir - (
http://www.br.com.br/portalbr/calandra.nsf#http://www.br.com.br/portalbr/calandra.nsf/0/2CD764A7FFF738FA03256DAD004A7351?OpenDocument&SAsfalto) - o qual, anuncia a venda de toneladas do asfalto de borracha de pneus reciclados. Em uma outra pesquisa de uma produtora de celulose, descobrimos que a mesma vinha utilizando as resinas dos eucaliptos para realizar testes de pavimentação nas estradas vicinais da sua plantação, com o bioasfalto dos subprodutos de alcatrão da lignina, no sentido de torná-las mais trafegáveis, principalmente, na época de inverno.

As ruas e avenidas urbanas e estradas esburacadas em petição de miséria, nos induziam a tocar aquela pesquisa em frente, independente do reconhecimento e do mérito.

Passamos a pensar na melhoria das cidades que ganhariam com um asfalto ecologicamente correto e de cor mais clara com uma menor absorção dos raios solares e do calor do que o tradicional corpo negro urbano e com a melhoria da empregabilidade dos seringueiros de toda a Amazônia, além, de uma menor contaminação das águas pluviais que trafegam superficialmente no asfalto das ruas, avenidas e estrada em direção aos córregos e rios da Amazônia e de todo o mundo.

Tanto o asfalto do petróleo, quanto o da borracha reciclada de pneus, são impregnados de enxofre fóssil natural ou do mesmo elemento químico adicionado e utilizado na vulcanização, e de outros produtos químicos empregados no endurecimento e na cura dos pneus, que são pulverizados nos gazes respiráveis da atmosfera pela ação dos veículos ou carreados pelas águas superficiais da chuva. Dos males, o menor, já que o bioasfalto produzido a partir do látex seria absolutamente natural sem a liberação do dióxido de enxofre emitido na preparação do asfalto a temperaturas superiores a 150ºC.

Tudo isso nos induzia a continuar as pesquisas e fomos descobrindo que a seringueira era a maior seqüestradora de carbono da atmosfera e que o látex daquela euforbiácea tem semelhanças incríveis com o petróleo.

A similaridade é de tal ordem, que a borracha sintética foi descoberta, a partir do seu composto orgânico mais abundante do látex denominado de Isopreno, inicialmente isolado da Hevea brasilienses e somente, posteriormente, fabricado em escala industrial a partir do etileno do petróleo e do etanol.

Por essas e por outras razões, acreditamos piamente, que a região norte do Brasil possa retornar a ser a maior produtora de borracha natural do mundo quando descobrir a viabilidade da produção do bioasfalto e da biocerâmica, renováveis, limpos e ecologicamente corretos.

A confirmação da viabilidade desses novos produtos pelas pesquisas dos órgãos de ciência e tecnologia da Amazônia e da Petrobrás é de imperiosa necessidade para a implementação de novas atividades econômicas para a utilização da floresta amazônica em regime de conservação através do manejo científico auto-sustentável e da fixação dos globalizados “povos da floresta” no seu habitat.

Talvez isso pudesse se tornar o início da utilização racional e não predatória dos 100 bilhões de toneladas de carbono transformáveis em energia, limpa, líquida e renovável que a região armazenou ao longo de séculos de sua existência em reservas extrativistas economicamente viáveis.



A Amazônia, segundo dados do INPA, armazena no seu todo cerca de 100 bilhões de toneladas de mais puro carbono energético sob a forma de celulose, hemicelulose e lignina, sintetizados pela luz solar ao longo de séculos.
Fonte: Wikipedia Commons

Que venham os investidores com o espírito de conservação dos tempos modernos, através da ação consciente e deliberada dos governantes locais e do Brasil. Não será necessário destruir a floresta a pretexto de produzir alimentos nem do radicalismo dos ambientalistas de cobertura que desejam exigir das autoridades da República que não se corte mais uma única árvore da Floresta Amazônica.

Trata-se do desconhecimento, puro e simples, de que ali residem 23 milhões de amazônidas, em sua maioria, nas áreas urbanizadas crescentes da grande floresta e arredores, que em breve serão 50 ou 100 milhões. Esses brasileiros chamados ideológica e reflexamente de povos da floresta pelos assim chamados de civilizados do Brasil Republicano, precisam desesperadamente de emprego, renda, educação, saúde, segurança, habitação, transportes e estradas, apenas para citar as instituições republicanas básicas.

O nosso imenso território que querem engessar para sempre e a nossa reserva energética renovável e limpa que o Deus Tupã nos oferta a cada santo dia e que vale trilhões de dólares ou reais, não necessitam permanecer em eterno estado selvagem, uma vez que as inúmeras e gigantescas reservas florestais, biológicas, extrativistas e indígenas, além de dezenas de parques nacionais já criados poderiam abrigar a biodiversidade da fauna e da flora que se deseja conservar.

É chegada a hora da verdade, pois, neste ato, estamos propondo a plantação de centenas de milhares de novas seringueiras em reservas extrativistas já existentes e em área já desmatadas e degradadas, as quais, podem ser cientificamente consorciadas com outras espécies vegetais nobres como o mogno, a castanheira, a andiroba, a copaíba, e centenas de outras árvores amazônicas, numa verdadeira floresta econômica.

Agora descobriremos as verdadeiras intenções dos “preservacionistas” de fancaria, de ONGS radicais, de gabinete e de cobertura, se desejam realmente a floresta ou apenas querem manter, ideologicamente, os povos da floresta isolados, primitivos e impotentes na sua pobreza educacional e econômica.

Chega de mentiras mil vezes repetidas, a cada dia, no horário nobre e via satélite pelos meios subliminares dos espertos para nos sentarmos nas nossas riquezas, enquanto, padecemos no paraíso. Essa tem sido a grande arma para nos mantermos pobres, ignorantes, estúpidos e ridículos, enquanto, vândalos alucinados e sem a República que nos subtraem, ateiam fogo nas nossas únicas e maiores esperanças.

Repetir frases feitas e estereotipadas como um robô, um papagaio ou um aborígine falando num tubo oco de bambu, não atenuará a maior de todas as poluições – A Pobreza – seja esta nas 759 favelas a poucos metros dos apartamentos luxuosos dos ambientalistas do “Paraíso Tropical” e da riqueza insensível de Copacabana, seja no “Paraíso Vegetal” da Amazônia, que se quer intocável.

* Economista pela Universidade Federal da Paraíba, com experiência de mais de três décadas em grandes empresas e Centros de Pesquisas em Ciência e Tecnologia.


Roberto C. Limeira de Castro

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