sexta-feira, 17 de agosto de 2007

A marca de um gênio da brasilidade

A ATUALIDADE DE MÁRIO AUGUSTO TEIXEIRA DE FREITAS NO BRASIL CONTEMPORÂNEO.

Série: Arquitetos da Federação Brasileira


Baiano de São Francisco do Conde, Mário Augusto Teixeira de Freitas será o nosso primeiro homenageado entre os arquitetos da Nova Federação Brasileira, pela abrangência de sua obra e pela influência que teve sobre o pensamento federativo nacional.

Nasceu em 31 de março de 1890 e com apenas 18 anos de idade ingressou no serviço público federal na antiga Diretoria Geral de Estatística do Ministério da Agricultura, Viação e Obras Públicas em 1908.

Em 1921, formou-se em direito pela Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro, com apenas 21 anos de idade, consolidando a sua formação humanística com a experiência no trato com as estatísticas sociais e econômicas que já realizava no referido Ministério.

Designado para participar do censo de 1920 como Delegado do Recenseamento de Minas Gerais, foi convidado, logo após, para o setor de planejamento daquele Estado, onde teve a oportunidade de aplicar os seus vastos conhecimentos, criando um dos primeiros sistemas de cooperação na administração pública entre os entes federativos.

Ali, elaborou uma vasta obra no campo do mapeamento estadual e suas estatísticas, colocando o Estado de Minas Gerais no caminho do planejamento como forma de atingir o desenvolvimento econômico.

Com a instituição do Governo Provisório, no inicio da década de trinta, foi novamente convidado a retornar ao âmbito federal, onde teve a oportunidade de elaborar inúmeros estudos nas áreas da estatística educacional e da saúde pública, da descentralização administrativa dos órgãos federais, da rádio difusão educativa, da aerofoto-grametria , da cartografia e do ensino da geografia.

Foi o criador do Instituto Nacional de Estatística em 1934, que, posteriormente, em 1938, viria a se transformar no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Entre os seus iluminados pensamentos para a Nação Brasileira moderna, podemos citar a organização político-administrativa do país, a criação de bibliotecas, a uniformização ortográfica da Língua Portuguesa e cooperação entre os órgãos da administração pública.

Foi o grande inspirador da futura obra de implantação da Capital Federal no Planalto Central do Brasil e do grande planejamento de re-ordenamento territorial e político-administrativo do Brasil.

Quase todos os movimentos pela criação de novas unidades federativas, tanto de novos municípios quanto de novos Estados, tiveram como base os estudos de Teixeira de Freitas à frente do IBGE.

Promovido à Secretário Geral do Conselho Nacional de Estatística, foi o grande inspirador da implantação pelo Governo de Getúlio Vargas dos novos Territórios Federais de Guaporé, Rio Branco, Amapá, Ponta Porá e Iguaçu, que deram origem aos atuais Estados de Rondônia, Roraima, Amapá e Mato Grosso do Sul, por motivos de segurança nacional nas fronteiras ocidental e setentrional do Brasil.

Os povos desses Estados brasileiros e os seus governantes devem muitas reverências a esse gênio brasileiro, assim como, os atuais líderes dos movimentos de criação de novos Estados no país em processo de aprovação de plebiscito no Congresso Nacional.

Até os estudos de Teixeira de Freitas sobre o aperfeiçoamento da gestão territorial e político-administrativa do país, as idéias suscitadas por outros estudiosos eram empíricas e idealísticas, com base em estudos de gabinete e erupções criativas esboçadas em cartografias improvisadas e cálculos de áreas ideais e eqüitativas estaduais sem base na realidade econômica, social e política.

De posse de um sólido conhecimento, geográfico, estatístico e de visão privilegiada da administração pública nacional que lhe deram notoriedade, Teixeira de Freitas e a sua competente equipe de colaboradores do IBGE pode apresentar as suas sugestões em duas ocasiões, à primeira em 1933 que inspirou a implantação dos novos Territórios Federais e a segunda em 1948 que viria a influenciar todos os demais estudiosos da Federação Brasileira, após a segunda gestão Vargas.


Fonte: Samuel Benchimol, Amazônia. 1966

O mapa criado por Teixeira de Freitas, recuperado para o país pelo gênio de Samuel Benchimol, na sua obra gigantesca sobre o passado e o futuro da Amazônia, tem a marca indelével do Brasil atual.

Ali estão inscritos a criação dos futuros Estados do Araguaia, Tapajós, Carajás (com nome de Xingu), Triângulo (com o nome de Paranaíba), Minas Norte (com o nome de Mucuri) e Rio São Francisco (parcial), além dos Estados já criados de Mato Grosso do Sul (com o nome de Rio Pardo), Rondônia,(com o nome Mamoré), Tocantins, Amapá (com o nome de Araguari) e dos Territórios Federais de Solimões e Rio Negro.

Este estudo elaborado e aperfeiçado entre 1933 e 1948 somente não previu os movimentos reivindicatórios de Santa Cruz (sul da Bahia), Gurguéia (sul do Piauí) e Maranhão do Sul, tendo também se equivocado no São Francisco, cujo movimento real se deu no oeste baiano pela lógica dos acidentes geográficos e não no norte/noroeste da Bahia.

Entretanto, previu com décadas de antecedência, quatro Estados reais já instalados - Rondônia, Mato Grosso do Sul, Tocantins e Amapá, além de também acertar na mosca outros cinco em processo de emancipação - Tapajós, Araguaia, Carajás, Minas Norte e Triângulo e parte de um sexto, São Francisco - bem como, dois Territórios Federais com processos em andamento - Solimões e Rio Negro. Toda essa premonição foi exercitada no início dos anos trinta com uma previsão perfeita de 11 unidades federativas, 74 anos antes de 2007, o que consideramos, simplesmente, espetacular.


Entre os estudiosos posteriores, podemos destacar Antonio Teixeira Guerra em 1960, Samuel Benchimol e Siqueira Campos em 1966, esse humilde escriba que segue os passos do mestre há cerca de 30 anos e que, desde 1983, estuda as bases teóricas, evolutivas e da formação, histórica, geográfica, econômica, territorial e político-administrativa e dos movimentos reais de emancipação das populações da Federação Brasileira, além do Senador Mozarildo Cavalcanti que tem feito por mais de vinte anos a sua principal bandeira no Congresso Nacional, entre outros, anteriores e posteriores a Teixeira de Freitas.

Evidentemente, estamos nos referindo aos estudos de grande amplitude e que reúnem informações nos campos de abrangência acima citados, cujos trabalhos tiveram a influência decisiva do grande mestre Teixeira de Freitas.

Esses estudos teóricos, entretanto, não se confundem com os projetos parlamentares apresentados por inúmeros deputados e senadores no Congresso Nacional, isoladamente, que são frutos das reivindicações reais objetivas de seus representados na ausculta direta ao povo de cada região reivindicante.

Novos e novos parlamentares no Congresso Nacional se iluminam com a magnífica obra de Mário Augusto Teixeira de Freitas, o qual, pelo seu trabalho edificante foi, com justiça, homenageado no seu Estado natal, com a denominação de um próspero município de Teixeira de Freitas no sul da Bahia.

Vista de Teixeira de Freitas - Ba

Foto de Edson Júnior

Fonte: http://www.glosk.com/ (visite)


Essa adesão de uma consistente e ampla Frente Parlamentar de mais de uma centena, entre deputados federais, senadores, além de centenas e centenas de deputados estaduais, vereadores e prefeitos, tem tudo para realizar uma grande mudança qualitativa e quantitativa no mapa político-administrativo e territorial brasileiro e, por conseguinte, na atenuação das disparidades regionais econômicas e sociais do Brasil, como sonhou intensamente o Mestre Teixeira de Freitas e seus infindáveis discípulos e seguidores, principalmente, os milhões de brasileiros abandonados sem as instituições republicanas em todo o país.

Nossos agradecimentos aos serviços biográficos da Wikipédia e do IBGE, além da instituição que disponibilizou na Internet para conhecimento do povo brasileiro, no anominato, essa relíquia fotográfica histórica de Dr.Mário Augusto Teixeira de Freitas, enquanto discursava numa reunião com os seus principais assessores durante a instalação do censo de 1950, além do sítio http://www.glosk.com/ que nos permite mostrar a bela cidade que homenageou esse grande mestre brasileiro na atenta visão do fotógrafo Edson Júnior.


Roberto C. Limeira de Castro

2 comentários:

Marcio Bayerl disse...

Olá...meu nome é Marcio bayerl, moro na cidade chamada TEIXEIRA DE FREITAS no intrior da Bahia.
Levado por minha curiosidade em saber o porque do nome da minha cidade, descobri uma grata surpresa ao saber da homenagem ao SR.MÁRIO AUGUSTO TEIXEIRA DE FREITAS...
O senso do IBGE, com os seus recenseadores, passarm por minha casa, e eu perguntei sobre o fundador do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica...e qual foi a minha surpresa, ao saber que ninguem sabia o nome do fundador dessa instituição.
Seria culpa das escolas?
Seria culpa da imprenssa?
seria culpa do governo?
ou seria culpa minha mesmo, que nunca havia me perguntado?

Parabéns pela Matéria.

Anônimo disse...

Olá, meu nome è Jainê, sou conterrânea do ilustre Mario Augusto Teixeira de Freitas.Na nossa cidade está a casa onde nasceu, aos pedaços, e seu povo bem pouco sabe dele. Nosso escritor e historiador professor Jorge é o único a falar sobre sua história. Tive a oportunidade de saber quem é ele para o Brasil, mas aqui a geração com idade de 20 anos, não sabe nada sobre uma pessoa que desejou o anonimato, mas que precisamos lembrar e reconhecer os seus feitos para o Brasil.