domingo, 31 de maio de 2015

Os fundadores da Casa que caiu no Brasil

A confissão de próprio punho do organizador da primeira reunião da Casa que caiu.


OPINIÃO

Clube dos 13, vida e agonia

Colunista conta como foi o processo de criação e decadência da entidade


O QUE SURGIU PARA SER A LIGA BRASILEIRA SOFRE EXATAMENTE POR TER DESPERDIÇADO SEU MELHOR MOMENTO



JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA

Conto aqui o que vi, e poucas coisas vi tão por dentro em minha vida de jornalista como o nascimento do Clube dos 13 e da Copa União.

Como vi o começo lento e gradual de sua decadência.

Curiosa e dramaticamente, sua implosão se dá quando parecia ressurgir, embora, agora, pareça mais que tenha sido aquela famosa melhora do doente antes de morrer.

Eu era diretor da “Placar” à época em que tudo começou, e o apoio da revista foi tão vigoroso que a taça da Copa União foi encomendada e paga por esta ao artista plástico Carlos Fajardo.
E entregue primeiramente ao Flamengo -e depois a Zico, quando ele se despediu do futebol, porque a Copa não resistiu aos conchavos da cartolagem.

A resposta dos 13 maiores clubes do país à falência da CBF, que abdicara de organizar o Campeonato Brasileiro de 1987 por falta de recursos, foi pronta e eficaz: partiu para fazer seu próprio torneio e obteve o apoio da Globo, da Coca-Cola e da Varig.

Registre-se desde logo que o Brasileirão de 1987 não teria o Sport, que não ficara entre os 24 primeiros em 1986, mas em 27º lugar.

Era para ser o embrião da Liga Brasileira de Futebol Profissional. Nasceria cinco anos antes da Liga Inglesa, a famosa Premier League.

Como em toda revolução, houve injustiças e excessos.

As injustiças contra o Guarani e o América, segundo e quarto colocados em 1986.

Verdade que o time campineiro e o carioca não estavam entre os 16 primeiros do ranking nacional, ao contrário dos 13 fundadores do Clube.

Os excessos ficaram por conta de tentar, sem conseguir, porque proibido pela Fifa, pintar marcas de patrocinadores no gramado.

Já o sucesso foi tamanho que a média de público passou de 20.800 torcedores, a segunda maior de todos os tempos, superada apenas pela de 1983, com quase 23 mil pagantes por jogo. Se forem somadas as quantias provenientes dos patrocínios da Copa União, a média praticamente dobra e atinge padrão europeu dos bons tempos.

A conquista do Flamengo foi algo tão indiscutível que o Conselho Nacional dos Desportos, o velho CND, a reconheceu incontinenti, diferentemente do que veio a acontecer mais tarde pelo Tribunal de Justiça Federal em Pernambuco.

Sim, a CBF quis mudar as regras com o jogo já em curso.

Mas, para 1988, a situação mudou, fruto de um acordo feito pelo presidente do Clube dos 13 e do São Paulo, Carlos Miguel Aidar, pelo presidente do CND, Manoel Tubino, e pelo vice-presidente da CBF, mas verdadeiro comandante da entidade, Nabi Abi Chedid, com o aval do presidente do Flamengo, Márcio Braga.

E contra o que pensava a direção da Rede Globo.

Por meio de seu diretor de esporte de então, Ciro José Gonzales, de quem divergi muitas vezes, mas que sempre gostou e quis o melhor para o futebol, o número um da emissora, José Bonifácio de Oliveira, o Boni, mandou dizer que a Globo daria respaldo para que a rebeldia dos clubes fosse em frente, sem acordo com a CBF.

Só que prevaleceu o velho espírito conciliatório nacional.

E jamais me esquecerei do olhar perplexo de minha filha ao entrar em casa na volta da escola e ver a figura de Chedid na sala, local escolhido pelas partes como neutro e a salvo de assédio.

Ao recuar, o Clube dos 13 começou a esmorecer.

E chegou a ganhar de mão beijada a Copa João Havelange para organizar em 2000, porque a Justiça impediu que a CBF organizasse o Brasileiro sem a presença do Gama, em memorável batalha judicial vencida pelo inexpressivo clube candango.

Ganhou, mas não soube organizá-la com competência, a ponto de o torneio ser decidido em São Januário com superlotação, queda de alambrado e cerca de 160 feridos, o que obrigou a realização de novo jogo, já em 2001, entre Vasco e São Caetano.

De lá para cá, cada vez mais o C13 se transformou apenas em uma agência negociadora de direitos de transmissão, com episódios lastimáveis, como em 1997, quando foi fechado negócio com o SBT, na casa de Sílvio Santos e, em seguida, em meio a rumores desairosos, voltou-se atrás para manter a parceria com a Globo.

Então, o principal executivo do SBT, Luciano Calegari, em entrevista à revista “IstoÉ”, chamou a CBF de “máfia” e perguntou: “Quando é que dá para acreditar em presidente de clube?”.

Eis que, neste ano de 2011, quando o Cade permitiu as condições para que se inaugurasse uma nova maneira de negociar, com chances claras de se aumentar ponderavelmente as receitas por meio de uma concorrência como nunca houve, tudo rui.

O C13 vai ao Cade amanhã e promete levar documentos que provam compra de votos na eleição que pôs a CBF em choque com Fábio Koff.

Fato é que o racha está posto.

E de maneira tão indecorosa para alguns dos protagonistas que o que fica ainda mais claro é que se trata de uma guerra sem mocinhos.

Na qual o futebol brasileiro morre no fim.

 

                                               ACERTOU EM CHEIO

 

                       CONHEÇA OS PERSONAGENS DA CONSPIRAÇÃO 

Conheça todos os personagens que se reuniram na editoria da Revista Placar para conspirar contra os clubes de todo o país e fundar as doze tribos do profeta da casa que caiu no início dos anos oitenta no Brasil.

 
 
                                                              Juca Kfouri - O Aglutinador da Conspiração

                                                                         Miguel -  O profeta idealizador

                                                                   Braga - O articulador da reunião, no Rio

                                                                            Nabi - O vice da articulação

                                                               Tubino - A iminência parda que queria detonar o CND

                                                    Koff - O articulador dos Pampas e futuro presidente das doze tribos

                                                                       O articulador na Bahia
                                             Todos juntos na reunião de fundação das doze tribos do Profeta

                                                                 13 de julho de 1987 - A origem

Está tudo em reportagem detalhada da Revista Esfumaçada e na confissão do grande fundador que ainda insiste em criar a Liga dos seus sonhos através da MP 671.

 

Portanto, Zé das Placas, Zé das Vacas e Zé das Medalhas não podem pagar sozinhos por tamanha desgraça.

 

Em poética de versificação

E arranjo de combinação

Ou formatação de edição

O réu da confissão

Da idealização e da conspiração

Da odiosa Secessão

Da dissimulação e da cavilação

Para o espertalhão da encenação

E os seus comparsas da realização

A Nação não perdoaria esta traição

Ás etnias de sua histórica formação

Nem que as peça perdão e retratação

Em posição de genuflexão

Em razão da farta documentação

E provas cabais à disposição

Depois que a Justiça da delação em premiação

Flagrou a formação da reunião em descrição

Após 30 anos de rotação e translação

Através de qualificação e avaliação

Mesmo com toda a sua posição na profissão

E o seu claro propósito de intenção.

 

Aos já desencarnados, com todo o respeito às suas almas e aos familiares, mas o mal que causaram à Nação e ao seu povo, não justifica a ausência de suas figuras na lista comprovada dos conspiradores.

 

Aos leitores peço que façam um esforço para deduzir as relações comuns entre os honrados cidadãos e os demais que embarcaram neste barco furado que acaba de afundar no Lago de Zurique.

 

 

 

 

Postado pelo Blogger que acompanha há mais de trinta anos a rota maligna deste grupo que construiu a casa capenga com material de péssima qualidade que finalmente desmoronou, soterrando todos os seus moradores. Acunha Dona Loretta!

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