quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Os Tamanduás brigam de mentirinha

Enquanto, as formigas fecham os formigueiros e hibernam como ursos, por oito meses, em suas tocas, para reduzir o ritmo do metabolismo basal e sobreviver à falta de comida. Até que os Tamanduás voltem para chupar e engolir as últimas formigas que restaram.
Bastou o aceno da Rede Record de Televisão para um possível aumento das taxas de televisionamento do Campeonato Brasileiro de Futebol da Série A para cerca de R$ 1 bilhão nos próximos anos e a contra partida da Globo oferecendo R$ 600 milhões, para que os membros do cartel dos Tamanduás começassem a brigar.
Um grupo formado pelo São Paulo, Flamengo, Atlético Mineiro, Cruzeiro e Botafogo não concorda com a eterna re-eleição do Presidente vitalício, enquanto os outros oito papa-formigas acham que está tudo às mil maravilhas.
Os cinco revoltosos retiraram-se da reunião e desejam formar um Conselho de Administração que ficaria encarregado de negociar os novos contratos bilionários com as Redes e com os novos clientes da China e da Rússia. No final, eles se abraçam e correm para o banco para olhar os quase R$ 100 milhões anuais que serão depositados nas contas bancárias de cada um. Tudo farinha do mesmo saco.
Enquanto isso, o futebol dos 27 Estados do Brasil agoniza asfixiado pela vergonha institucionalizada.
Vejam o que escreveu um dos precursores pioneiros do grupo, o jornalista Juca Kfouri, sobre os coveiros do futebol brasileiro. Nem ele aguenta mais a fraude contra os torcedores de todo o país.
Como profundo conhecedor das manobras do cartel de 12 clubes de apenas quatro áreas metropolitanas brasileiras e de quatro Estados para açambarcar todos os recursos do nosso futebol em detrimento de todos os clubes dos 27 Estados do país, Juca propõe a formação de um Fundo Global para ajudar os clubes de menor porte.
Considerando essa proposta como um sinal dos tempos, de que nem tudo está perdido, solicitamos permissão ao destemido jornalista para publicar o seu post no nosso espaço. Esta semana, o seu desafeto profissional, o importante jornalista Milton Neves também defendeu abertamente no Record News, uma espécie de cota para a entrada de clubes das regiões norte, nordeste e centro-oeste na Série A do Brasileirão.
Eles e muitos outros já pressentem a falência do sistema sustentado pela ditadura que se instalou no futebol brasileiro há 20 anos, que se aproxima a galope.
Reduzir o nosso outrora glorioso futebol a 12 clubes, uma seleção de estrangeiros estropiados e caindo aos pedaços e a 27 vaquinhas de presépio, é de uma estupidez cavalar.
Vejam o excelente post publicado pelo Juca:
O Clube dos 13 já era

O Clube dos 13 acabou faz tempo.

Pelo menos o espírito que o criou, 20 anos atrás, como alternativa para a falida CBF.

De lá para cá virou uma mera agência que intermedeia contratos com a TV e sustenta alguns poucos cartolas com salários interessantes.

De resto, virou apenas uma metástase do câncer que caracteriza a estrutura dirigente do futebol brasileiro, com mandatos intermináveis, arbitrariedades, conchavos, tudo que impede que tenhamos aqui uma NBA.

Porque o Clube dos 13 nasceu como semente de uma Liga Profissional, como na maior parte dos países europeus.

Mas virou algo de tamanha incompetência que nem sequer foi capaz de organizar a Copa João Havelange, em 2000, fato que admitiu em seguida, ao prometer que nunca mais se meteria a tocar nenhuma competição.
Também, pudera.

Seu presidente de então, e de hoje, Fábio Koff, simplesmente estava num cruzeiro em alto mar quando Vasco e São Caetano decidiam o torneio.
A crise que transbordou ontem pode até não dar em nada, como já aconteceu outras vezes.

Porque o medo das rupturas é amplo, geral e irrestrito, sem exceções.
O que cinco rebeldes do momento (Flamengo, São Paulo, Cruzeiro, Botafogo e Atlético Mineiro) queriam é razoável, nada mais do que retomar um mínimo de poder de decisão e acabar com as reeleições sem fim.

E o que é ou não é mais democrático no futebol é menos simples do que aparenta.

A vontade da maioria dos clubes pode não ser, necessariamente, a vontade da maioria da torcida.

Por exemplo: se Flamengo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Vasco que representam quase a maioria absoluta dos torcedores (50%, segundo a última pesquisa do Datafolha) quiserem, juntos, a mesma coisa, o que é mais democrático?

Serem derrotados pelos votos do Sport, Coritiba, Vitória, Goiás Portuguesa e Guarani?

O que o Clube dos 13 deveria fazer, e nunca fez, seria a criação de um fundo que permitisse o amparo aos menores e uma distribuição mais justa de recursos.

E por não fazer é que clubes como Flamengo e Corinthians, se fossem mais bem geridos, deveriam negociar seus interesses separadamente.

O rolo atual serviu, ainda, para demonstrar a tibieza do Palmeiras e a dependência do Corinthians (a posição do Vasco é a de Eurico Miranda, que dispensa comentários e que um dia prometeu nunca mais pisar no Clube dos 13).

O Palmeiras por romper a corda que havia ajudado a engrossar em troca de um cargo na próxima diretoria do Clube dos 13.

O Corinthians, que anunciava posições firmes em sua "nova" fase, foi levado à CBF pelo presidente da FPF na segunda-feira e de lá voltou aliviado.

Daí ter renunciado, pelo menos temporariamente segundo um de seus representantes, aos seus maiores interesses.

Quem sabe um pronto-socorro financeiro (como aquele a que o Flamengo habitualmente recorre) e tranquilidade para fugir do rebaixamento tenham sido argumentos mais convincentes.

Afinal, o passado já ficou para trás, o presente é a desgraça que é e o futuro a Deus pertence.

Porque à CBF, e à Globo Esporte, interessa manter o Clube dos 13 em sua eterna subserviência.

Obrigado Juca! Pela defesa dos clubes deserdados dos 27 Estados do Brasil.

Editado por Roberto C. Limeira de Castro às 21:00


Um comentário:

Sidarta Martins disse...

O Juca fala isso para ganhar audiência.

Quem é bom tem de se estabelecer por si próprio. Isto ser pro Brasil como um todo, pro futebol brasileiro que vem os craques e pros times de futebol espalhados pelo país também.

Meus respeitos,