quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Como não podemos melhorar o nosso país, AÍ, EU CHORO!

LÁGRIMAS
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Versos em prosa de um poeta amador.
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De súbito uma intensa emoção,
Boa ou ruim, pouco importa,
Forma-se um nó na garganta,
E abre-se a nossa comporta.
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Sequência de incontidos soluços,
Semblante disperso, olhos marejando,
Embargada voz aos tropeços,
Incontrolável! e estamos chorando.
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Lágrimas! cristais de nossa alma,
Revelação dos nossos sentimentos,
Escorrem em singelas gotinhas,
Nas alegrias e nos lamentos.
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Nossas mais íntimas emoções,
Afloram nos graves momentos,
Em pingos de felicidade,
Ou em gotículas de sofrimento.
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Quando estamos felizes,
Lágrimas de júbilo no rosto,
Na desilução de um grande amor,
Brotam as lágrimas do desgosto.
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Quando ficamos apaixonados,
Fluem lágrimas de ansiedade,
Na distância do nosso amor,
Lágrimas de ausência e saudade.
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Na angústia dos que sentem fome,
Contidas lágrimas da revolta,
Na morte de um ente querido,
Lágrimas da despedida sem volta.
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Diante de uma terrível catástrofe,
Comovem-nos as lágrimas da tristeza,
Se não encontramos saída,
Nos olhos, as lágrimas da incerteza.
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Embevecidos por uma obra de arte,
Extáticas lágrimas de emoção,
Aos acordes de uma linda melodia,
Saudosas lágrimas de recordação.
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Se estamos proibidos de amar,
Vertemos as lágrimas da paixão,
Quando sózinhos e desprotegidos,
Choramos as lágrimas da solidão.
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Na homenagem dos bons amigos,
Comovem-nos as lágrimas solenes,
Nas inesquecíveis ocorrências,
O rastro das lágrimas perenes.
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Nas difíceis vitórias do esporte,
Lágrimas e champanhe ao sucesso,
De volta aos braços do nosso amor,
Afetuosas, são as lágrimas do regresso.
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Lágrimas falsas também existem,
Não são de pesar, nem de alegria,
Chamamos de lágrimas de crocodilo,
Por terem o amargor da hipocrisia.
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Tem até lágrimas que não são lágrimas.
Os colírios dos simulacros teatrais,
Nos exaltam como verdadeiras,
São as lágrimas profissionais.
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Há lágrimas que doem mais,
Aquelas do amor impossível,
Somente doem mais do que estas,
As lágrimas da morte visível.
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Ambas sintetizam a nossa impotência,
Na proibição e no imponderável,
Numas, a inatingível distância,
Noutras, a vertigem inapelável.
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Em nosso extenso vale de lágrimas,
Entrecortado de alegria e decepção,
Choramos nessa longa caminhada,
Lágrimas de castigo e proibição.
Lágrimas de criança e adolescente,
Lágrimas de contentamento e de dor,
Lágrimas deglutidas masculinas,
Lágrimas do nosso primeiro amor.
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Ah! Essas gotinhas maravilhosas!
Se as juntássemos num vidrinho contidas,
Transmutando-as em claras imagens,
Teríamos a história de nossas vidas.




Roberto C. Limeira de Castro